QUEM DESTRUIU O RIO DE JANEIRO .
É irônico que muitos da classe artÃstica e integrantes da categoria dos jornalistas e jogadores de futebol estejam agora na rua , por assim dizer, estão na vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas, quem garante que só mudará de mãos esse poder paralelo que torna-se um poder oficial.
Quando a cocaÃna começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema,Leblon e pelo badalado carnaval.
Invadiu e se instalou nas redações de jornais , emissoras de TV e equipes de futebol, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias, por fim esparramando-se nas arquibancadas dos estádios e nas repartições públicas.
Quanto mais glamoroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado e com poder, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco e queimando a erva maldita.
Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artÃstica (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuÃram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaÃna, se disseminasse no seio da sociedade carioca e brasileira, por extensão.
Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato. Mas para a sociedade saiu caro.
Festa sem cocaÃna era festa careta. As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaÃdo mundo dos morros, vizinhos aos edifÃcios ricos do asfalto.
Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta.
E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaÃna e dar um tapa na macaca que os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.
Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastacuecas, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do paÃs e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade. Bope e caveirão não intimida mais, somente as forças armadas para intimidar e coloca-los em fuga para outros moros e estados.
Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurÃdico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado, vistas grossas.
Dizem a todo instante :São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem.
Não têm controle sobre seus atos. Mas na verdade eles destroem famÃlias, arrasam lares, estrupam e matam , destroçam futuros.
Muitos desses consumidores da elite, deveriam colocar um adesivo e no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes:
EU AJUDEI A DESTRUIR O RIO.
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