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Avesso a entrevistas, juiz da Lava Jato se comunica por meio de despachos


Desde que a Operação Lava Jato ganhou visibilidade, há quase um ano, o juiz federal Sérgio Fernando Moro não concede entrevistas. Na última semana, o magistrado deu uma palestra para estudantes de Direito na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, onde também é professor. Na saída, abordado por jornalistas de vários veículos de comunicação, foi perguntado se vinha sofrendo maior assédio das pessoas desde que o caso ganhou repercussão. "Assédio da imprensa", respondeu Moro, que se esquivou cordialmente de mais perguntas com um 'vou ficar devendo' e se despediu. No mesmo dia, o Metro Jornal tentou conversar com o juiz, também sem sucesso. As unformações são do Metro.

A reclusão de Moro, porém, não impede que suas opiniões ganhem destaque na mídia através de um instrumento corriqueiro do trabalho judiciário: os despachos. Desde 17 de março de 2014, data em que a Lava Jato foi deflagrada, Moro já abriu 19 processos criminais ligados ao escândalo de corrupção. A partir dali, todas as decisões para prender ou soltar investigados, bloquear bens, quebrar sigilos bancários e telefônicos ou negar habeas corpus, entre outras medidas, vêm acompanhadas de textos em que o juiz explica suas ações.

Nestes despachos, Moro já contestou justificativas de executivos para terem participado do esquema de propinas, rebateu acusações das defesas dos suspeitos e, recentemente, criticou encontros entre advogados de empreiteiros e o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Aos 42 anos, o juiz tem recebido atenção inédita com o caso da Petrobras, mas sua experiência em casos de corrupção e lavagem de dinheiro é antiga.

Formado em Direito em direito em 1995, na Universidade Estadual de Maringá (PR), Moro se tornou juiz no ano seguinte. Em 2003, conduziu o processo do Caso Banestado, que revelou a participação de políticos na evasão de quase US$ 30 bilhões para o exterior durante sete anos, escândalo que teve o envolvimento do doleiro Alberto Youssef. Com especialização em Harvard, nos Estados Unidos, ele é doutor e mestre em Direito.

"A corrupção não tem cores partidárias. Não é monopólio de agremiações políticas ou de governos específicos. Combatê-la deve ser bandeira da esquerda e da direita. Embora existam políticos corruptos em qualquer agremiação, não há partido que defenda a corrupção"
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