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DUPLA PERSONALIDADE

Explorada há muito tempo na literatura, no cinema e na telenovela como um filão inesgotável de enredos, a dupla personalidade é um fenômeno intrigante. Quem, ao assistir filmes como “O Médico e o Monstro” ou "Psicose", não se espantou com a ideia, às vezes algo romântica, de um corpo que se vê obrigado ao convívio com duas mentes, quase sempre de índoles diferentes? Será que isso é coisa da ficção ou podemos viver uma dessas histórias de dicotomia na vida real? A psiquiatria vem pesquisando o problema e se empenhando em desmistificar a questão, ainda um tanto confusa.

Na vida real, a chamada dupla personalidade, é um transtorno dissociativo de identidade, antes chamado de transtorno de personalidade múltipla, tem como sintomas a presença de duas ou mais personalidades que assumem o controle do comportamento alternadamente. Cada estado de personalidade pode ser vivenciado como se o paciente tivesse uma história pessoal distinta, auto-imagem e identidades próprias, até mesmo um nome diferente. Ele experimenta frequentes lacunas de memória sobre a história pessoal, tanto remota quanto recente, sendo ativadas por estresse psicossocial e que ocorrem de forma abrupta.

A transição de uma para a outra se dá geralmente de forma súbita e dramática e alguns indivíduos podem manifestar sintomas pseudoconvulsivos nesse processo. "Existem casos em que as identidades se conhecem, sabem sobre si, e outro em que isso não acontece. Elas podem se comunicar por vozes, que o paciente escuta, criticando umas às outras e entrando em conflito. Algumas vezes, uma ou mais identidades agressivas interrompem atividades para colocar outras em situações incômodas". Lacunas de memória também são muito comuns a quem possui o transtorno, sobretudo relacionadas às lembranças da infância.

O diagnóstico do Transtorno Dissociativo de Identidade é especialmente difícil porque raramente o problema vem sozinho. A princípio, a questão pode ser tomada como delírio, alucinação auditiva, alteração de humor ou ganhar até outros diagnósticos como o de Transtorno Bipolar ou somatização. É um processo longo, o período médio entre as primeiras aparições sintomáticas e o diagnóstico pode levar anos. Em casos em que o curso do distúrbio é episódico, fica ainda mais difícil. Em crianças e jovens, o processo ganha complexidade extra, já que as manifestações são menos nítidas. "São confundidas com fantasias. O Transtorno Dissociativo é diagnosticado com maior freqüência entre as mulheres.

O problema tem origem no fracasso de integrar os vários aspectos da identidade, da memória e da consciência. As causas podem ser variadas. Um abuso na infância, por exemplo, uma repreensão muito grande experimentada que, para esquecê-la, a pessoa gera outra personalidade diferente. É sempre uma reação a uma vivência", conta.

O tratamento mais eficaz é a psicoterapia. Dependendo das circunstâncias, tratamentos adjuntos podem ser usados, tais como terapia familiar, de grupo, medicações e hipnose. O processo de separação das personalidades costuma durar cerca de cinco anos com tendência a diminuir sua freqüência após os 40 anos.
(Psicólogo Ã”rue Martins)


DUPLA PERSONALIDADE Reviewed by Ivan de Colombo on 22:28 Rating: 5

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